O Decreto de 31 de dezembro de 1864 obriga à elaboração de planos de melhoramentos a cidades, como Lisboa e Porto, pelo que entre os sucessivos projetos apresentados, a partir de 1881, surge uma série para transformação do centro administrativo da cidade, até que foi executada a sua reforma urbanística, entre 1915 e 1919.

Esta estratégia urbana implicava a demolição de todo o edificado entre a Praça da Liberdade e a Praça da Trindade, criando uma avenida jardim e a construção de um novo edifício para os Paços do Concelho.


Este novo edifício, construído no remate da avenida, é o último monumento e palácio de granito a construir-se em Portugal, a expressão máxima da cidade e das suas gentes.


O projeto aprovado foi o apresentado pelo arquiteto António Correia da Silva, com a ajuda do engenheiro Monteiro de Andrade, que dirigiu as obras até 1950, com as suas várias interrupções. Altura em que a coordenação técnica passou para o arquiteto Carlos João Chambers Ramos, que ultrapassou alguns dos impasses, permitindo a conclusão da obra. A cerimónia oficial do início de obras foi a 24 de junho de 1920 e a inauguração do edifício deu-se 37 anos depois, no mesmo dia e mês.


 

O edifício


Trapézio isósceles, adaptado à topografia do terreno, tem os seus dois lados paralelos a sul e norte, a fachada principal e posterior. O exterior, com paredes de granito de S. Gens, as divisórias internas de alvenaria de tijolo. Constituído por cave, seis pisos, terraços de cobertura e torre sobre maciço de betão.


Construção granítica, tem como sua parte mais nobre e monumental, o rés-do-chão – entrada, átrio, vestíbulo e escadaria – e o terceiro piso – Passos Perdidos, receção, sessões e gabinete da presidência. Todas as outras alas têm as dependências funcionais da organização administrativa.


 

Átrio ou Passos Perdidos


Entrada principal dos paços, composta por uma ampla galeria, essencialmente de granito de Fafe, tem tetos abobadados de estuque com acabamento artístico ao estilo romântico, da autoria de Artur José Gonçalves, onde se destacam as armas da cidade.

Na passagem desta galeria para os corredores centrais estão duas estátuas de mármore esculpidas por Henrique Moreira, a “Indústria” e a “Arte”.

No átrio das traseiras, dentro de três nichos, foram colocados três bustos de mármore de Carrara que representam um marítimo, uma peixeira e uma ceifeira, obras de Maria Alice Costa Pereira.



Escadaria principal


Ao andar nobre, no terceiro piso, acede-se por uma ampla escadaria revestida a mármore negro “Bencatel”. No patamar intermédio encontra-se o busto de mármore de Francisco de Almada e Mendonça, réplica do original de bronze, do escultor Soares dos Reis, no mausoléu do cemitério do Prado do Repouso.

No topo da escadaria estão quatro painéis de pintura a fresco, de Dordio Gomes, com as seguintes representações:

“As Origens de Portugal”, onde a figura central é D. Afonso Henriques, primeiro rei da nação.

“A Expansão Geográfica”, que dá grande destaque ao Infante D. Henrique e as descobertas ultramarinas.

“A Expansão Comercial”, dando relevo ao burguês portuense, Afonso Martins Alho e o primeiro tratado comercial com a Inglaterra.

“O Porto Romântico”, representado por Camilo Castelo Branco e seus locais prediletos.



Passos Perdidos ou Salão Nobre


Galeria imponente composta por 28 pilastras com bases e capitéis de bronze dourado, revestimentos a mármore preto e “brecha portuguesa”, tetos de estuque branco e sanca dourada, portas de carvalho dourado. Neste espaço realizam-se atos solenes.

Destacam-se as duas estátuas de mármore de Carrara, a “Honra” e a “Concórdia”, de Gustavo Bastos; a baixela de bronze dourado composta por 43 peças (floreiras, candelabros e fruteiras).



Sala de D. Maria II


Espaço destinado a receções oficiais e protocolares, tem o pavimento de parquê de carvalho, lambris de mármore “vidraço banana” de Pêro Pinheiro e tetos com pinturas artísticas. Entre os elementos artísticos de grande valor está a pintura a óleo, em tamanho natural, de D. Maria II, do pintor inglês John Bell; um relógio e duas ânforas em porcelana rosa, de Sévres, do século XIX; dois jarrões japoneses do século XIX; uma mesa gigante de mogno; dois tremós estilo império; e dois lustres em cristal murano, de Veneza.



Sala das Sessões


Esta sala, onde se realizam as reuniões de Executivo e as Assembleias Municipais, tem acabamentos requintados e as paredes decoradas por três tapeçarias de Guilherme Camarinha: "Hino em Louvor, Honra e Glória da Cidade do Porto", evoca os acontecimentos mais marcantes da história da Invicta e das suas gentes, como a presúria de Vímara Peres, a expansão ultramarina, as invasões francesas e figuras de destaque da política, das artes e das letras; "A Faina do Douro", destaca o património das duas margens do rio e os trabalhos da produção e comercialização do vinho do Porto; e "S. João”, evidencia a festa mais popular e característica da cidade.